Aristóteles dizia que o homem
define-se como um animal político, isto é, a sua natureza deve ser procurada
nas comunidades de que faz parte e é reconhecido como membro pelos seus pares.
O termo "Cidadania", de
origem latina (status civitatis), define desde finais do século XVIII o vínculo
que liga os indivíduos a um Estado e se corporiza num dado estatuto
jurídico-político, que lhes confere um conjunto de direitos e deveres.
O termo "Civismo"
refere-se, mais especificamente, às atitudes e comportamentos dos cidadãos na
defesa de certos valores e práticas assumidas como fundamentais para uma vida
coletiva de modo a preservar a sua harmonia e melhorar o bem-estar de todos os
seus.
"Humanismo" tem
como postulação básica a exaltação da dignidade humana.
Cidadania, Civismo e
Humanismo fazem, assim, parte de um mesmo processo, inerente à vida em
sociedade. Seus conceitos são verdadeiros suportes da vida social. Uma
sociedade onde cujos membros sejam indiferentes às questões da vida em comum
não existe como tal.
A atitude cívica é
inseparável da ética, isto é, de uma ação norteada por princípios que
livremente o indivíduo escolheu para se relacionar com os outros. "Não
faças aos outros aquilo que não queres que façam contigo" é não apenas um
princípio ético universal, mas também um princípio cívico. "Não devo
estacionar meu carro de tal maneira que prejudique o estacionamento de
outro". "Não devo jogar lixo principalmente à beira-mar porque posso
exterminar a vida marinha (peixes, tartarugas e outros)".
E uma frase específica para nós: "Não devo prescrever
medicamentos só pelo nome de fantasia sem conhecer o princípio ativo com seus
efeitos bons e nocivos, porque poderemos expor nossos pacientes a muitos
riscos, inclusive o de adoecer e até mesmo morrer". Portanto, exortamos a
todos (médico e paciente) para ler a bula, que é um ato de civismo e humanismo.
To burn out, expressão de origem inglesa
com o sentido de queimar por completo, foi usada pelo psicologista alemão
Herbert Freudenberger em 1970 para nomear a sindrome mais badalada dos últimos
tempos: a Síndrome de Burnout, também chamada "Síndrome do Esgotamento
Profissional", da qual foi vítima e diagnosticada por ele mesmo. Seu
símbolo internacional é um "palito de fósforo queimado".
O termo "burnout" começou a ganhar
popularidade a partir de então, especialmente entre pessoas que trabalhavam em
serviços humanitários, como assistentes sociais, e de saúde mental, a exemplo
de médicos psiquiatras e psicólogos. Hoje em dia, seu uso tornou-se abrangente,
atingindo dentistas, enfermeiros, funcionários de clínicas, hospitais, planos
de saúde, professores, jornalistas, policiais. Enfim, todas as pessoas que têm
algum trabalho em contato com o público que, de alguma maneira, exerce algum
tipo de pressão.
Nem a própria dona de casa escapa do Burnout
devido às cobranças dos familiares. Há uma perda da energia ou entusiasmo por
causa do trabalho exaustivo. Mas, o problema não é apenas o excesso de trabalho
e, sim, por exemplo, uma indignação, frustração, decepção, um não
reconhecimento por um esforço dispendido.
No nosso caso específico [médicos], somos
afetados por essa síndrome devido às jornadas de trabalho extenuantes e às
condições precárias a que somos obrigados a enfrentar para atender com o mínimo
de dignidade a população carente em hospitais públicos sucateados. São muitos
os sintomas que podemos apresentar, muito similares aos do estresse, mas,
fundamentalmente, somos acometidos por "um estado de perda de energia e
entusiasmo". Nesta situação, nos sujeitamos a cometer erro médico com
muita facilidade.
Popularmente, quando chegamos no limite máximo
da paciência e dizemos que estamos de "saco cheio" ou "não
aguento mais", significa que estamos entrando em estado de Bournout . É o
que nós trabalhadores brasileiros estamos sentindo.
“Em 1908 coelhos alimentados com
gema de ovo desenvolveram Placas de Ateroma nas Artérias. Após sacrificá-los
encontraram na parede de suas artérias e no fígado gotículas de gordura e
concluíram que: “alimentos ricos em colesterol causam aterosclerose”. Esta
conclusão armou uma grande confusão e a historia da alimentação humana tomou um rumo errado que perdura até
hoje,
Só
para lembrar, as pesquisas foram realizadas em coelhos que são vegetarianos. Porque
não usaram ratos e cães que são onívoros e não desenvolvem as placas. Pegaram
um animal vegetariano e deram-lhe alimento de origem animal. Seu aparelho
digestivo não estava preparado para processá-lo. Seria como alimentar um leão
com capim. Alimento errado para animal errado. Dessa forma estava nascendo um
dos maiores equívocos da medicina”. <www.kidnoel.com/kidnoel/view.php?idc=3&sidc=685>
Impressionou-me muito a crônica escrita pelo
Dr. Dráuzio Varella colunista da Folha de São Paulo em 30/11/2013 intitulada “A
agonia do Colesterol” criticando as diretrizes da American Heart Association,
American College of Cardiology e Sociedade. Brasileira de Cardiologia. Ele inicia afirmando: “Nunca me convenci de que
essa obsessão para abaixar o colesterol à custa de medicamentos aumentasse a
longevidade de pessoas saudáveis”. “Essa crença, que fez das estatinas o maior
sucesso comercial da história da medicina - tomou conta da cardiologia a partir
de dois estudos: Seven Cities e Framingham, iniciados em 1950”.
“Considerados
tendenciosos o 1º pretendeu
demonstrar que os ataques cardíacos estariam ligados ao consumo de gordura
animal, enquanto o 2º
concluiu que eles guardariam relação direta com o colesterol”. Existem vários
estudos que contestam a tese lipídica e acusam de “imprudentes” aqueles que
afirmam que o colesterol é uma gordura. O colesterol não é uma gordura e sim um
esterol (álcool) com estrutura semelhante a hormônio, que se torna hidrossolúvel
quando ganha a capa de lipoproteína. Por esse motivo não adere à placa ou à
rugosidade endotelial. São os triglicerídeos que fazem isso. O colesterol não
esta nas gorduras e sim nas carnes (membrana celular) www.arzt.com..br/artigos/o-grande-conto-do-colesterol
“A
partir dos anos 80, o surgimento das estatinas abafou as vozes discordantes e a
classe medica foi tomada por um furor
anticolesterol que contagiou a população. Hoje, todos se preocupam com os
alimentos gordurosos e tratam com intimidade o “bom” (HDL) e o “mau”colesterol (LDL).
As diretrizes americanas publicadas em 2001 recomendavam manter o LDL abaixo de
100 a qualquer preço sem nenhuma
evidencia cientifica que justificasse tal conduta. Apenas nos EUA o numero de
usuários de estatinas aumentou de 13
para 36 milhões mas a mortalidade
por doença cardiovascular não caiu”.
O
Dr. Dráuzio prossegue: “Cardiologistas radicais foram mais longe, o LDL deveria
ficar abaixo de 70, alvo inacessível
a mortais como você e eu. Seriamos tantos candidatos que sairia mais barato
acrescentar estatina ao suprimento da água domiciliar”. Recentemente as
entidades maiores da cardiologia que recebem auxílios generosos da Indústria
farmacêutica declararam que os níveis de colesterol não interessam mais
porque o risco de sofrer ataque cardíaco ou AVC não será modificado, ou seja,
“esqueça
tudo o que foi dito nos últimos 30 anos”. Então porque insistir nas estatinas?
“Sua
indicação para pacientes com alto risco cardiovascular devido a diabetes ou
eventos cardíacos prévios, por enquanto resiste às criticas. E finaliza: Preste
atenção, mais de 80% dos ataques cardíacos ocorre por conta do cigarro, vida
sedentária, obesidade, pressão alta e diabetes. Imaginar ser possível evitá-los sentado na poltrona, ás custas de uma
pílula para abaixar o colesterol, é pensamento mágico”
Vocês devem
estar curiosos, olhando essas palavras, tentando soletrá-las, entendê-las e se
perguntando: que coisa estranha, o que é isso? Será que estamos aqui procurando
a maior palavra do nosso idioma? Se estivéssemos com esse objetivo, a primeira
com 31 letras e a segunda com 25 letras, perderiam para aquela que é
considerada atualmente como provavelmente a maior de todas as palavras
existentes na língua portuguesa: PNEUMOULTRAMICROSCOPICOSSILICOVULCANOCONIÓTICO.
Deixamos para vocês contarem. Já contaram? São 46 letras.
Este imenso
vocábulo refere-se a quem apresenta doença pulmonar causada pela aspiração de
cinzas vulcânicas. Os dois termos que servem de titulo ao nosso artigo nem
existem no nosso vocabulário, mas foram por nós criados por conter um significado
assustador. Representam as iniciais de medicamentos tomados por dois pacientes.
O primeiro
paciente com 70 anos de idade, do sexo feminino, casada, nos foi enviada para
um Eletrencefalograma com cefaléia e tonturas, e tomava os seguintes fármacos: HALDOL, FENERGAN, AKINETON, RISPERIDON, PONDERA, RIVOTRIL, LEXOTAN, DIAZEPAN, EVISTA, CALCIO F 1000, OMEPRAZOL, DOLAMIN, ufa!
São doze medicamentos. Utilizei suas iniciais e formei o primeiro nome do
titulo do nosso artigo.
O segundo
também do sexo feminino, com 79 anos, diabética e hipertensa, cardíaca com
marca-passo, já tendo sofrido 2 AVCs, nos procurou também para realizar o mesmo
exame. Estava sendo medicada com HIDANTAL,
TICLID, VASOPRIL, GLIFAGE, SEROQUEL, AMARYL, ATENOLOL, DIGOXINA, ARELIX, ASSERT, IMOVANE. São onze medicamentos. Fiz o
mesmo procedimento, juntei as iniciais e acima está o segundo nome.
Temos muito que analisar, e discutir estes
dois casos, mas é bom que fique bem claro: não estamos sendo antiéticos por
estarmos usando o nome oficial dos fármacos, porque nossa intenção é dar maior
autenticidade ao nosso artigo, não estamos condenando os remédios, pois todos
têm suas indiscutíveis indicações, muito menos o fabricante, estamos sim
criticando a nós mesmos Médicos Alopatas
porque estamos exercitando cada vez mais a polifarmacoterapia ou Uso Irracional de Medicamentos.
Infelizmente
não temos maiores detalhes do banco de dados dos dois pacientes,
particularmente os referentes à posologia. Contudo podemos fazer algumas
suposições e seria bom fazê-las, pois serviria para despertar, chamar a atenção
do jovem colega iniciante na profissão bem como para uma reciclagem de nós
mesmos os mais experientes, apenas sobre a dose diária deixando de lado a
dosagem unitária de cada fármaco ou outras questões atinentes, até porque não teríamos
espaço suficiente.
Vamos supor
que nosso primeiro paciente tomasse 2 comprimidos diários de cada medicamento,
seriam 24 comprimidos por dia ou seja 1cp a cada hora ou 2 cps a cada 2 horas,
três a cada três horas e assim por diante até chegarmos a oito cada oito horas
ou doze a cada doze horas. Neste último caso o nosso enfermo encheria sua
“mãozinha” e tomaria os comprimidos com bastante calma e cuidado, um de cada
vez, para não engasgar-se. Caso isso acontecesse, poderia ser muito grave e até
mesmo letal na sua idade especialmente se morasse sozinho.
Por mais que
busquemos explicações, indicações, sintomas, queixas, “doenças” não
encontraríamos justificativas para tamanha polifarmácia.
E as interações medicamentosas? Se por pura curiosidade tentarmos ler suas
bulas, vamos nos espantar.
Para evitar
ocorrências como essas, deveríamos abrir um espaço na nossa consulta para
anotar o nome dos medicamentos do nosso cliente e ter a humildade de reconhecer
nossos limites e ignorância (não somos donos da verdade e do saber) e consultar
o Dicionário de Especialidades Farmacêuticas (DEF) às nossas mãos em livro, ou
no computador, em frente do nosso paciente sem
sentir vergonha (eles adoram
quando o medico faz isso). Um dos maiores filósofos da humanidade Sócrates
conhecedor de que o limite de sua sabedoria era sua ignorância, dizia com muita
propriedade e reconhecida humildade: “Só
sei que nada sei”.Por que não
dizer o mesmo?
Se fôssemos nós os pacientes (e não é difícil,
pois somos humanos e também adoecemos e morremos) será que teríamos a coragem
de encher nossas mãos com 12 pílulas para depois engoli-las?
Quanto ao
segundo paciente que temos mais informações (é só ler logo acima seus
problemas) e por isso aparentemente mais doente (não diríamos que tem mais
doenças porque não existem doenças e sim
doentes) que o primeiro, colocaria em dúvida apenas a indicação do Hidantal
a não ser que tenha uma epilepsia lesional provocada pelos AVCs e o uso do
Seroquel que é o fumarato de quetiapina indicado principalmente na
esquizofrenia e secundariamente no transtorno afetivo bipolar.
Essa medicação
deve ser usada com cuidado em pacientes cardíacos com doenças.
cerebrovasculares, com tendência a convulsão (termo leigo, conhecido
cientificamente como crise epiléptica generalizada) e também ter cuidado no seu
uso concomitante com hidantoina (Hidantal). Todas essas restrições o nosso
paciente apresenta e além do mais ele é idoso com 79 anos. Insisto: VAMOS LER A BULA, VAMOS CONSULTAR A
INTERNET. Isso é o mínimo que podemos e devemos fazer, o correto mesmo é
estudar ou revisar Farmacologia Clinicae
Terapêutica e entender o que é farmacodinâmica, farmacocinética e Interação
Medicamentosa.
Pensemos
nisso, reflitamos, meditemos, sintamos na nossa pele, no nosso corpo, na nossa
alma. Acreditamos que a mais inteligente, mais humana, mais sábia citação da
humanidade é: “Não façamos aos outros, o que não gostaríamos que fizessem com nós
mesmos”.
Medicalização é o processo em que questões da vida social,
sempre complexas, multifatoriais e marcadas pela cultura e pelo tempo
histórico, são reduzidas à lógica médica, vinculando aquilo que não está
adequado às normas sociais a uma suposta causalidade orgânica, expressa no
adoecimento do individuo. Assim questões como os comportamentos não aceitos
socialmente, as performances escolares que não atingem as metas das
instituições, as conquistas desenvolvimentais que não ocorrem no período estipulado
são retiradas de seus contextos, isolados dos determinantes sociais, políticos,
históricos e relacionais, passando a ser compreendidos apenas como uma doença
que deve ser tratada. ” <http://medicalizacao.org.br/>
De
maneira simplória, Medicalização é encarar aquilo que pode ser corriqueiro na
vida de um indivíduo até mesmo intrínseco à sua própria personalidade, à sua
maneira de ser como um problema de saúde e, consequentemente, como assunto de
domínio medico porque acredita-se que está fora das “convenções sociais”.Não existem mais
“pessoas diferentes” existem “distúrbios de personalidade”. Vamos citar alguns exemplos:
se uma pessoa está triste, é depressão inicia-se imediatamente o uso de
antidepressivo; se está alegre demais, está maníaca, precisa de antipsicóticos;
se muda de um estado de melancolia para euforia ou vice-versa, é bipolar tem
que começar a tomar um estabilizador de humor; se é idoso e está esquecendo, é Mal de Alzheimer; se a glicemia em uma única
amostra resultou alta é taxado de Diabético; se o colesterol está elevado, não
se questiona, é logo medicado; se a pressão arterial em uma única aferição
mostrou-se acima da media é medicado incontinenti com hipotensor; se a criança
é hiperativa o diagnóstico é sem duvida TDAH e lhe é prescrito Metilfenidato;
se tem o hábito de lavar as mãos mais vezes do que o “normal” está sofrendo de
TOC e assim por diante.
A Medicamentalização é, portanto uma decorrência
da medicalização. É um neologismo que busca traduzir a intensidade da
penetração dos medicamentos em todos os segmentos e dimensões da vida social. <http://cienciahoje.uol.com.br /colunas
/sentidos-do-mundo/uma-ao-acordar-outra-ao-deitar..> Vivemos atualmente em uma
cultura do mal-estar subjetivo cuja contra-partida foi o surgimento de uma
medicina do bem-estar. A medicamentalização do mal-estar é uma realidade
efetiva, atual e crescente. <Words
and pills: on today’s malaise medication – Scielo>. Em resumo se toma
medicamento para qualquer coisa hoje em dia. Medicamento só não está sendo
utilizado para tratar falta de dinheiro. AINDA NÃO!