quinta-feira, 21 de setembro de 2017

HAFENAKRISPONRILEXDIEVICALOMEDOL e HITIVAGLISERAMATEDIARASSIM



Vocês devem estar curiosos, olhando essas palavras, tentando soletrá-las, entendê-las e se perguntando: que coisa estranha, o que é isso? Será que estamos aqui procurando a maior palavra do nosso idioma? Se estivéssemos com esse objetivo, a primeira com 31 letras e a segunda com 25 letras, perderiam para aquela que é considerada atualmente como provavelmente a maior de todas as palavras existentes na língua portuguesa: PNEUMOULTRAMICROSCOPICOSSILICOVULCANOCONIÓTICO. Deixamos para vocês contarem. Já contaram? São 46 letras.

Este imenso vocábulo refere-se a quem apresenta doença pulmonar causada pela aspiração de cinzas vulcânicas. Os dois termos que servem de titulo ao nosso artigo nem existem no nosso vocabulário, mas foram por nós criados por conter um significado assustador. Representam as iniciais de medicamentos tomados por dois pacientes.

O primeiro paciente com 70 anos de idade, do sexo feminino, casada, nos foi enviada para um Eletrencefalograma com cefaléia e tonturas, e tomava os seguintes fármacos: HALDOL, FENERGAN, AKINETON, RISPERIDON, PONDERA, RIVOTRIL, LEXOTAN, DIAZEPAN, EVISTA, CALCIO F 1000, OMEPRAZOL, DOLAMIN, ufa! São doze medicamentos. Utilizei suas iniciais e formei o primeiro nome do titulo do nosso artigo.

O segundo também do sexo feminino, com 79 anos, diabética e hipertensa, cardíaca com marca-passo, já tendo sofrido 2 AVCs, nos procurou também para realizar o mesmo exame. Estava sendo medicada com HIDANTAL, TICLID, VASOPRIL, GLIFAGE, SEROQUEL, AMARYL, ATENOLOL, DIGOXINA, ARELIX, ASSERT, IMOVANE. São onze medicamentos. Fiz o mesmo procedimento, juntei as iniciais e acima está o segundo nome.

 Temos muito que analisar, e discutir estes dois casos, mas é bom que fique bem claro: não estamos sendo antiéticos por estarmos usando o nome oficial dos fármacos, porque nossa intenção é dar maior autenticidade ao nosso artigo, não estamos condenando os remédios, pois todos têm suas indiscutíveis indicações, muito menos o fabricante, estamos sim criticando a nós mesmos Médicos Alopatas porque estamos exercitando cada vez mais a polifarmacoterapia ou Uso Irracional de Medicamentos.
 
Infelizmente não temos maiores detalhes do banco de dados dos dois pacientes, particularmente os referentes à posologia. Contudo podemos fazer algumas suposições e seria bom fazê-las, pois serviria para despertar, chamar a atenção do jovem colega iniciante na profissão bem como para uma reciclagem de nós mesmos os mais experientes, apenas sobre a dose diária deixando de lado a dosagem unitária de cada fármaco ou outras questões atinentes, até porque não teríamos espaço suficiente.

Vamos supor que nosso primeiro paciente tomasse 2 comprimidos diários de cada medicamento, seriam 24 comprimidos por dia ou seja 1cp a cada hora ou 2 cps a cada 2 horas, três a cada três horas e assim por diante até chegarmos a oito cada oito horas ou doze a cada doze horas. Neste último caso o nosso enfermo encheria sua “mãozinha” e tomaria os comprimidos com bastante calma e cuidado, um de cada vez, para não engasgar-se. Caso isso acontecesse, poderia ser muito grave e até mesmo letal na sua idade especialmente se morasse sozinho.

Por mais que busquemos explicações, indicações, sintomas, queixas, “doenças” não encontraríamos justificativas para tamanha polifarmácia. E as interações medicamentosas? Se por pura curiosidade tentarmos ler suas bulas, vamos nos espantar.
Para evitar ocorrências como essas, deveríamos abrir um espaço na nossa consulta para anotar o nome dos medicamentos do nosso cliente e ter a humildade de reconhecer nossos limites e ignorância (não somos donos da verdade e do saber) e consultar o Dicionário de Especialidades Farmacêuticas (DEF) às nossas mãos em livro, ou no computador, em frente do nosso paciente sem 
sentir vergonha (eles adoram quando o medico faz isso). Um dos maiores filósofos da humanidade Sócrates conhecedor de que o limite de sua sabedoria era sua ignorância, dizia com muita propriedade e reconhecida humildade: “Só sei que nada sei”.  Por que não dizer o mesmo?

 Se fôssemos nós os pacientes (e não é difícil, pois somos humanos e também adoecemos e morremos) será que teríamos a coragem de encher nossas mãos com 12 pílulas para depois engoli-las?
Quanto ao segundo paciente que temos mais informações (é só ler logo acima seus problemas) e por isso aparentemente mais doente (não diríamos que tem mais doenças porque não existem doenças e sim doentes) que o primeiro, colocaria em dúvida apenas a indicação do Hidantal a não ser que tenha uma epilepsia lesional provocada pelos AVCs e o uso do Seroquel que é o fumarato de quetiapina indicado principalmente na esquizofrenia e secundariamente no transtorno afetivo bipolar.

Essa medicação deve ser usada com cuidado em pacientes cardíacos com doenças. cerebrovasculares, com tendência a convulsão (termo leigo, conhecido cientificamente como crise epiléptica generalizada) e também ter cuidado no seu uso concomitante com hidantoina (Hidantal). Todas essas restrições o nosso paciente apresenta e além do mais ele é idoso com 79 anos. Insisto: VAMOS LER A BULA, VAMOS CONSULTAR A INTERNET. Isso é o mínimo que podemos e devemos fazer, o correto mesmo é estudar ou revisar Farmacologia Clinica  e Terapêutica e entender o que é farmacodinâmica, farmacocinética e Interação Medicamentosa.

Pensemos nisso, reflitamos, meditemos, sintamos na nossa pele, no nosso corpo, na nossa alma. Acreditamos que a mais inteligente, mais humana, mais sábia citação da humanidade é: “Não façamos aos outros,  o que não gostaríamos que fizessem com nós mesmos”.

sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Medicalização e Medicamentalização



             Medicalização é o processo em que questões da vida social, sempre complexas, multifatoriais e marcadas pela cultura e pelo tempo histórico, são reduzidas à lógica médica, vinculando aquilo que não está adequado às normas sociais a uma suposta causalidade orgânica, expressa no adoecimento do individuo. Assim questões como os comportamentos não aceitos socialmente, as performances escolares que não atingem as metas das instituições, as conquistas desenvolvimentais que não ocorrem no período estipulado são retiradas de seus contextos, isolados dos determinantes sociais, políticos, históricos e relacionais, passando a ser compreendidos apenas como uma doença que deve ser tratada. ” <http://medicalizacao.org.br/>

 
            De maneira simplória, Medicalização é encarar aquilo que pode ser corriqueiro na vida de um indivíduo até mesmo intrínseco à sua própria personalidade, à sua maneira de ser como um problema de saúde e, consequentemente, como assunto de domínio medico porque acredita-se que está fora das “convenções sociais”. Não existem mais “pessoas diferentes” existem “distúrbios de personalidade”. Vamos citar alguns exemplos: se uma pessoa está triste, é depressão inicia-se imediatamente o uso de antidepressivo; se está alegre demais, está maníaca, precisa de antipsicóticos; se muda de um estado de melancolia para euforia ou vice-versa, é bipolar tem que começar a tomar um estabilizador de humor; se é idoso e está esquecendo, é  Mal de Alzheimer; se a glicemia em uma única amostra resultou alta é taxado de Diabético; se o colesterol está elevado, não se questiona, é logo medicado; se a pressão arterial em uma única aferição mostrou-se acima da media é medicado incontinenti com hipotensor; se a criança é hiperativa o diagnóstico é sem duvida TDAH e lhe é prescrito  Metilfenidato; se tem o hábito de lavar as mãos mais vezes do que o “normal” está sofrendo de TOC  e assim por diante.  

            A Medicamentalização é, portanto uma decorrência da medicalização. É um neologismo que busca traduzir a intensidade da penetração dos medicamentos em todos os segmentos e dimensões da vida social. <http://cienciahoje.uol.com.br /colunas /sentidos-do-mundo/uma-ao-acordar-outra-ao-deitar..> Vivemos atualmente em uma cultura do mal-estar subjetivo cuja contra-partida foi o surgimento de uma medicina do bem-estar. A medicamentalização do mal-estar é uma realidade efetiva, atual e crescente. <Words and pills: on today’s malaise medication – Scielo>. Em resumo se toma medicamento para qualquer coisa hoje em dia. Medicamento só não está sendo utilizado para tratar falta de dinheiro. AINDA NÃO!

quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Diurético uma fonte de riscos



 
Tenho me preocupado muito com diurético ultimamente. É que tenho observado um n° elevado de prescrições desse tipo de medicamento, não só de médicos da rede publica e privada, mas até mesmo de enfermeiro (a)s do Programa de Saúde Familiar (PSF).  O mais prescrito sem duvida é a Hidroclorotiazida (HCT) por três vantagens: é um produto popular, de fácil aquisição e doado pelo governo. A furosemida também é um dos mais utilizados.  O diurético é um excelente medicamento em doses baixas e na urgência podendo salvar a vida de uma pessoa com edema agudo de pulmão.  Mas o problema é seu uso prolongado em idosos.

 Estou alarmado com pacientes idosos com queixas de boca seca, sede, fadiga, fraqueza muscular, cãimbras, perda de peso, letargia, sonolência, agitação, arritmia cardíaca, devido à perda de fluidos extracelulares incluindo plasma, desequilíbrios eletrolíticos provocados pela perda de potássio e sódio principalmente. Câimbras, fadiga e fraqueza muscular é reclamação quase unânime de todos os pacientes. Devemos refletir muito antes de prescrever um diurético para pessoas idosas porque bebem pouca água e desidratam facilmente.
 
 Estou assustado com os pacientes TRATADOS COMO DIABÉTICOS SEM SER e com as taxas de colesterol e triglicérides alta, resistente ao tratamento, causadas pelo uso continuo de diuréticos, infelizmente desconhecidas da classe medica.

Estou surpreso com a quantidade de enfermos que não dormem a noite porque  levantam-se da cama de 4 a 5 vezes  para fazer xixi e mais perplexo fico quando constato que é porque seu medico lhe disse que tomasse o diurético à noite.

E o pior de tudo é quando estamos diante de um idoso com AVCI e constatamos que foi por ação diurética do fármaco que vem usando de longa data. Este fato contribuiu significativamente ou para uma desidratação que por sua vez levou a uma hemoconcentração e dessa maneira instalando-se a trombose e/o embolia ou para uma queda grave da PA que em face da sua  deficiente microcirculação e auto-regulação cerebral evoluiu para o quadro clinico de AVCI.
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Após essas constatações alertamos a toda a comunidade de diabéticos, de portadores de gota úrica, de distúrbios renais, hepáticos, hematológicos, sexuais, de níveis  elevados de colesterol e de cálcio e taxas baixas de potássio, O RISCO QUE ESTÃO PASSANDO OU QUE PODEM PASSAR COM O USO DE DIURÉTICOS.

sábado, 2 de setembro de 2017

Aviso aos nossos futuros seguidores



Nesse blog iremos abordar temas de Medicina de interesse social ou de utilidade publica, não apenas da nossa área de atuação que é a Neurologia, mas de todas as especialidades. Temos interesse particular pela Neurogeriatria, visto que a população mundial está envelhecendo, tornando-se  problema de saúde pública. A senilidade que é o envelhecer saudável está sendo mal interpretado e desse modo sendo substituído pela senescência que é contrario. Isto leva o idoso a ser alvo do uso irracional de medicamentos originados tanto da prescrição medica, quanto da automedicação. Estamos prontos para a qualquer momento redigir textos, artigos, cronicas etc sobre esses assuntos.

Por conta de medicamentos mau utilizados, há mais de 30 anos estudamos a disciplina de Farmacologia, ciência que estuda os fármacos, suas ações,  seus  benefícios  e malefícios.  Nossa apreensão se prende justamente a este ultimo efeito também  conhecido como efeito adverso ou colateral que como sempre foi  subvalorizado na formação  medica e, consequentemente, não é levado muito a serio pelo medico no exercício profissional durante o ato de prescrição

sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Apresentação do Blog

Esse Blog foi criado para divulgar temas de relevância para os profissionais de saúde e da população em geral, particularmente, aqueles que envolvem conflitos de interesses. Constatamos um crescimento vertiginoso da tecnologia em medicina que é  bom por um lado mas por outro lado vem provocando uma inversão de valores fazendo com que o ato medico mais simples que é "ouvir e procurar entender as queixas dos pacientes" fique em segundo plano.
 
 Charles Reade romancista inglês escreveu oito romances, sendo os mais famosos o "Claustro e a Lareira" e "Nunca é tarde demais para consertar" e o jornalista, pensador e escritor Uruguaio Eduardo Galeano entre suas famosas citações está : "Somos o que fazemos mas somos muito mais o que fazemos para mudar o que somos".

Em suma esta é nossa principal intenção e atuação neste Blog.