sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Medicalização e Medicamentalização



             Medicalização é o processo em que questões da vida social, sempre complexas, multifatoriais e marcadas pela cultura e pelo tempo histórico, são reduzidas à lógica médica, vinculando aquilo que não está adequado às normas sociais a uma suposta causalidade orgânica, expressa no adoecimento do individuo. Assim questões como os comportamentos não aceitos socialmente, as performances escolares que não atingem as metas das instituições, as conquistas desenvolvimentais que não ocorrem no período estipulado são retiradas de seus contextos, isolados dos determinantes sociais, políticos, históricos e relacionais, passando a ser compreendidos apenas como uma doença que deve ser tratada. ” <http://medicalizacao.org.br/>

 
            De maneira simplória, Medicalização é encarar aquilo que pode ser corriqueiro na vida de um indivíduo até mesmo intrínseco à sua própria personalidade, à sua maneira de ser como um problema de saúde e, consequentemente, como assunto de domínio medico porque acredita-se que está fora das “convenções sociais”. Não existem mais “pessoas diferentes” existem “distúrbios de personalidade”. Vamos citar alguns exemplos: se uma pessoa está triste, é depressão inicia-se imediatamente o uso de antidepressivo; se está alegre demais, está maníaca, precisa de antipsicóticos; se muda de um estado de melancolia para euforia ou vice-versa, é bipolar tem que começar a tomar um estabilizador de humor; se é idoso e está esquecendo, é  Mal de Alzheimer; se a glicemia em uma única amostra resultou alta é taxado de Diabético; se o colesterol está elevado, não se questiona, é logo medicado; se a pressão arterial em uma única aferição mostrou-se acima da media é medicado incontinenti com hipotensor; se a criança é hiperativa o diagnóstico é sem duvida TDAH e lhe é prescrito  Metilfenidato; se tem o hábito de lavar as mãos mais vezes do que o “normal” está sofrendo de TOC  e assim por diante.  

            A Medicamentalização é, portanto uma decorrência da medicalização. É um neologismo que busca traduzir a intensidade da penetração dos medicamentos em todos os segmentos e dimensões da vida social. <http://cienciahoje.uol.com.br /colunas /sentidos-do-mundo/uma-ao-acordar-outra-ao-deitar..> Vivemos atualmente em uma cultura do mal-estar subjetivo cuja contra-partida foi o surgimento de uma medicina do bem-estar. A medicamentalização do mal-estar é uma realidade efetiva, atual e crescente. <Words and pills: on today’s malaise medication – Scielo>. Em resumo se toma medicamento para qualquer coisa hoje em dia. Medicamento só não está sendo utilizado para tratar falta de dinheiro. AINDA NÃO!

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